
O sorriso a roçar o maricas de Charlton Heston, bebendo de braço dado ao seu amigo Messala, não pode deixar de ser agradável, por muito artificial que por vezes se afigure a alguém pouco acostumado a este cinema do tempo dos meus avós (literalmente falando). Um épico não só no seu conteúdo mas também na prova de endurance que é vê-lo (disse-o, por outras palavras, o meu pai) - 4 horas de bom cinema do final dos anos 50 dá trabalho.
Belas imagens da Judeia, bem-pensadas intersecções com a vida de Cristo, num esforço harmónico de simples entendimento e simbolismo de trazer por casa. Vejamos: Messala, ou o belo mancebo do Stephen Boyd, símbolo óbvio da tirania e perversão do Império Romano; Judah (Ben-Hur, o próprio), representante claro do bem, com um toquezinho pró-judaico, desde o momento em que ama e liberta Ester, a escrava, passando pelo salvamento do Cônsul Quintus Arrius (seu inimigo), até ao momento em que, guiado pela sua noiva, e correndo o risco de sofrer contágio, leva mãe e irmã, leprosas de profissão, ao Cristo curador, ocupado então com cruzes e coroas de espinhos; Tibério, não surpreendentemente, incluso no imaginário Asterixiano com que todos nascemos; até Pilatos, o Pôncio, é (agradavelmente para o nosso católico subconsciente) odioso, como lhe compete.
Afinal fazia-se bom cinema. (E as cenas das quadrigas, ai as cenas das quadrigas)
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