O auto-elogio é, neste nosso mundo, profundamente desvalorizado. Esquece-se o comum dos mortais do esforço contínuo de conservação narcisística que, meus amigos, por mais fácil e natural que se nos afigure (não negai) nada é se não acompanhado de uma potente máquina de propaganda, com o propósito último (talvez o primeiro, talvez) de elevar à ionosfera o espírito pobre e faminto de identidade.
(Contra minha vontade, revelam-se estas últimas condições sine qua non. Raios, descobri que não sou capaz de praticar o auto-elogio).
Portanto atentai: Dá trabalho.
(Quase diria: veja-se o senhor Primeiro Ministro.)
((Eu disse "Quase"))
sexta-feira, 28 de março de 2008
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1 comentário:
É interessante o cariz reflexivo das brilhantes (arrisco-me a dizer) intervenções feitas neste blog. É fantástico como, numa leitura mais completa, se nota uma confusão (ou tudo menos isso) de temas, histórias, vivências.
Centrando-me neste auto-elogio, pergunto se a desvalorização não virá (como acontece com tudo o que existe) após um uso contínuo, indiscriminado e inapropriado dessa tal elevação do "espírito pobre e faminto de identidade". Tenho, contudo, uma dúvida: será que o espírito pleno de identidade não carece também de auto-elogio?
Chega a altura de tecer ao meu caro Afonso um grande elogio à sua eloquência e um certo lirismo tão agradável e que, ainda que só por alguns minutos, nos transporta para o fantástico mundo da reflexão infrutífera e desinteressada (que não deixa, por isso, de ser menos bela e interessante). Permita-se então formular um auto-elogio à sua pessoa, acto que, espero e acredito, seja regular porque merecido.
Como nota final, devo acrescentar que foi uma agradável surpresa a aparição (permita-me) do seu génio sapiente em tais paragens. Fico à espera da próxima intervenção.
O seu sempre atento e expectante leitor,
Vasco França
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