Nunca ninguém escreve sobre o passeio, sobre a democracia do caminhar, do deixa-passar, do com-licença (com-sua-licença outrora, quando o mundo bem-educado) ou o perdão. Não se discorre sobre aqueles momentos em que alguém nos barra o caminho e hesitamos entre um lado e o outro, acabando impreterívelmente por escolher o lado para o qual o outro, em idêntica situação e no mesmo momento temporal, começa a mover-se. A isto se segue um momento pendular, que é dos mais embaraçosos que possível é. Até as simples pausas, em que se decide ceder passagem, imobilizando-nos, são simultâneas.
Um dia acontenceu-me com um tipo com brinco e devo ter estado perto de apanhar porrada. Mas isso é um pormenor.
Vale-nos o velho espirituoso, essa personagem da urbe nossa. Após segundos de awkwardness ("wkw" - como é possível?) profere o indivíduo idoso:
- Pela direita democrática!
(O riso embrulhado em fuligem de tabaco. Ai! A pretensa sabedoria anciã)
Senilis dixit.
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
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