terça-feira, 15 de janeiro de 2008

O vazio

Não se dedica este post à melodramática exploração da problemática dos vazios sentimentais, arrasadores que são de dias e noites, tardes dominicais e outros 'menos agradáveis' momentos, por assim dizer.



Das minhas primeiras leituras de Júlio Verne tirei uma de muitas lições: após a terra, o ar, e após a atmosfera, o éter. É o que dá ler Da Terra à Lua sem um qualificado acompanhamento. Foi só quando me abeirei de um dos meus progenitores e orgulhosamente os informei de uma das minhas mais recentes aquisições a nível axiomático - de que o Universo é o éter - que me apercebi da barbaridade, pelo menos ao nível denotativo, daquilo de que estava convicto Jules (e também eu, crédulo infante). Não discutirei aqui até que ponto, ao nível abstracto, não é o Universo Éter e o Éter Universo - deixemos tais divagações para poetas e metafísicos.



Venho aqui deixar uma minha excreção mental (o que é a escrita se não isto) - um exemplar das minhas mais sinceras preocupações como habitante deste mundo.

Tendo tomado conhecimento de que não nos envolve o éter, mas sim o vazio (ou, como científica e elevadamente lhe chamam, o vácuo), e considerando que nada mais tenho para fazer na vida, apanho com isto um tremendo cagaço existencial. Em primeiro lugar, a noção de vazio é complexa, e é bem capaz de me dar dores de cabeça (a mim, que em 17 anos de vida apenas de tal sofri 3 vezes). E depois, toda a física e matemática que me têm obrigado a engolir exame após exame na escola, ensinando-me a pensar em limites, leva-me a fazer proporções espaço vazio/espaço ocupado.

Pensemos: se juntarmos todo o Volume de Universo ocupado por massa, e o compararmos com o Volume ocupado por vazio, o que obtemos? Uma fracção em que o denominador tende para o infinito (tanto quanto sabemos, não possui fim este nosso mundo, por mais desconcertante que seja pensá-lo), um nada.

É esta a verdade. É que para além de pequenos, miseráveis, infinitésimos que nos possamos sentir, a verdade é que tendemos para o nada. Nós, matéria, tendemos para o zero, o vácuo.


O Universo é o não-ser, a ausência. Assustador.

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